POLÍCIA CIVIL INVESTIGA SUPOSTAS FRAUDES EM AUTOESCOLA POÇO-FUNDENSE

POLÍCIA

Estabelecimento chegou a ser fechado por conta de medida cautelar deferida pelo Judiciário, mas conseguiu reverter a decisão e continua em atividade até o fim das apurações

Quem é aspirante à CNH (Carteira Nacional de Habilitação) e tenta realizar este sonho através da Autoescola Zanca, a única do ramo que estava em atividade na cidade de Poço Fundo, passou por momentos de dúvidas e preocupações nos últimos dias. Suspeitas de irregularidades na captação de alunos, especialmente os vindos de outros municípios, levaram ao fechamento cautelar do local e à paralisação de todas as atividades por tempo indeterminado. O estabelecimento conseguiu derrubar a medida e voltou ao trabalho, deixando seus clientes um pouco mais aliviados.
As investigações começaram após denúncias feitas à Delegacia de Machado, responsável pela Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito) à qual está subordinada Poço Fundo, de que a empresa estaria fazendo matrículas de moradores de cidades fora do seu círculo de atuação, especialmente São João da Mata e Turvolândia, pertencentes a outra jurisdição, e estas inscrições estariam ocorrendo com o uso de documentos falsos, principalmente comprovantes de endereço.
Após os primeiros levantamentos, o delegado Juliano Lago, responsável pela condução do inquérito, solicitou e obteve um mandado de busca e apreensão junto ao Juizado da Comarca gimirinense. Assim, no dia 17 (quarta-feira), pôde recolher computadores do estabelecimento para periciar.
O JPF flagrou o momento em que os agentes saíam do local, após o comunicado, mas nenhum deles quis passar detalhes sobre o caso. Os funcionários e a direção também optaram pelo silêncio e, por volta das 17 horas daquela data, as portas foram fechadas. Muita gente que precisava confirmar matrículas ou atividades, como avaliações e aulas, foi pega de surpresa. Telefonemas para a empresa, na busca de mais dados, foram infrutíferos. A única informação repassada pela Diretoria foi a que constava em uma nota, divulgada no Facebook, na qual Júnior afirmava que estava tentando reverter a situação com a ajuda de advogados e que não iria, de forma alguma, prejudicar qualquer um de seus clientes.
Porém, o delegado Juliano não compartilhava de todo este otimismo. Em uma rápida entrevista concedida no dia 24 (quarta-feira), em sua sala, na sede da Polícia Civil de Machado, ele revelou o principal motivo do fechamento e falou sobre as investigações que estão em andamento. “Seguimos duas vias. Uma delas é administrativa, feita pela Polícia Civil, como responsável pelo Ciretran. Com base nos resultados do que for apurado, podemos chegar ao descredenciamento da autoescola. Por isso, entendendo que a situação era grave, até mesmo pela proporção do que fora apurado ainda no início dos trabalhos, achamos por bem representar uma medida cautelar junto ao Judiciário para suspender as atividades do estabelecimento até a conclusão do processo administrativo. Também solicitamos outras medidas e uma prisão preventiva, mas o Juizado da Comarca de Poço Fundo entendeu que isso não seria necessário por hora”.

Atividades retomadas

No dia seguinte à entrevista concedida ao JPF, Juliano se reuniu com estudantes que tinham exames práticos de direção marcados em Poço Fundo, repassando orientações e explicando a situação. Por conta disso, alguns trataram de transferir suas pautas para Machado, com o objetivo de agilizar a busca pela carteira, mas outros optaram por esperar mais um tempo, na esperança de que a autoescola poço-fundense reabrisse.
O alívio veio no final da tarde do dia 1º (quinta-feira), quando a direção da Zanca informou, por meio de redes sociais, que havia conseguido reverter a decisão do Juizado da Comarca poço-fundense e voltaria às atividades normais na data seguinte. A notícia foi bastante comemorada por vários clientes, que foram à instituição para remarcar aulas, reagendar exames e iniciar ou retomar os estudos.
Novamente, a reportagem do JPF conversou com o proprietário Júnior e solicitou que o mesmo comentasse a reviravolta. O empresário informou que primeiro falaria com seus advogados sobre este tema e, depois, entraria em contato para agendar uma possível entrevista, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno.