LAVRADOR É BALEADO NO BAIRRO CACHOEIRA GRANDE

POLÍCIA

Um lavrador, que trabalhava numa propriedade rural do bairro Cachoeira Grande, foi baleado, no início da noite do dia 1º (quinta-feira). Mário Cardoso (64 anos) foi atingido no tórax e a bala ficou alojada próximo a órgãos vitais. Ao que tudo indica, ele foi alvejado por engano pelo atirador, que, na verdade, queria matar o dono do sítio, um agricultor de 62 anos.
A Polícia Militar foi acionada quando o homem chegou ao Hospital de Gimirim. Ele disse que estava saindo de um paiol, quando, de repente, escutou um estampido e, no mesmo instante, sentiu um ardor e uma forte pancada na área das costelas, caindo em seguida. Sua filha ouviu os gritos de socorro e pediu ajuda para conduzi-lo ao Pronto Atendimento, no que foi auxiliada por outro lavrador.
Durante os primeiros procedimentos no hospital, o idoso permanecia consciente, mas seu estado inspirava sérios cuidados, pois havia possibilidade de que o projétil tivesse afetado órgãos internos importantes. Diante da gravidade do caso, foi solicitado o apoio do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel e Urgência) para transferi-lo ao Hospital Alzira Velano, de Alfenas. O médico poço-fundense Vanius Alves acompanhou a remoção para monitorar o paciente e auxiliar a equipe durante todo o trajeto.
Mário passou por cirurgia, na qual teve que retirar um dos rins e, depois, foi encaminhado ao CTI (Centro de Terapia Intensiva), onde permanecia até o encerramento desta matéria.

Suspeito

Após tomar ciência do que havia ocorrido, uma Guarnição da Polícia Militar foi ao sítio, onde conversou com a esposa do proprietário, Joaquina Dias (56). Ela logo apontou o ex-genro, Vilmar Batagini (36), como provável autor do crime. Ela revelou que o rapaz tinha problemas com seu marido e o havia ameaçado de morte.
Testemunhas afirmaram que viram o rapaz rondando as imediações pouco tempo antes do disparo que atingiu o empregado, mas, logo depois, ele simplesmente sumiu. Os militares fizeram rastreamento pela área e conversaram com parentes do suspeito, mas não tiveram êxito em localizá-lo.

Desavenças

Para o delegado Éder Neves, todos os indícios apontam para a confirmação de que Vilmar foi o autor do disparo que atingiu o lavrador e que, na verdade, ele tinha a intenção de alvejar o ex-sogro. O motivo do ato criminoso seriam atritos que ambos vinham tendo há um certo tempo, graças a um conturbado relacionamento do provável atirador com a filha do sitiante.
“Eles já não se davam muito bem desde o tempo em que Vilmar mantinha um relacionamento estável com a filha do agricultor, e a situação piorou depois da separação, que o suspeito não aceitava. Ele também não concordava com a divisão de bens do casal. Dois dias antes do crime, o rapaz recebeu uma notificação judicial, provavelmente relacionada ao fato, e ficou muito nervoso, segundo sua família. No dia 1º, data da tentativa de homicídio, saiu de manhã e não voltou mais. Testemunhas o viram perto da área em que ocorreu o crime e, depois do disparo, ninguém soube dizer nada sobre onde estaria”.
Já na manhã do dia 2 (sexta-feira), foram iniciadas as diligências para apurar o caso. O delegado, com os investigadores Raul Camilo e Nagib Mezavilla, seguiram para o local do crime. Lá, ouviram testemunhas e fizeram buscas pelo atirador. Na residência dele encontraram uma moto abandonada, mas nenhuma outra pista que pudesse indicar seu paradeiro. Ouvindo parentes e a ex-companheira do homem, confirmaram que ele tinha uma espingarda calibre 22. A arma, não encontrada, pode ter sido utilizada no cometimento do delito.
Com os elementos já levantados, o chefe da Polícia Civil poço-fundense acredita que tem argumentos suficientes para pedir a prisão temporária do suspeito, ato que seria levado adiante o mais rápido possível.

Justiça

Vindo do Estado do Tocantins, Mário e sua mulher haviam chegado ao município de Poço Fundo há apenas dois meses. O casal veio se juntar aos três filhos, que já moram aqui há vários anos, para trabalhar na colheita de café com a intenção de ficar definitivamente na região.
A reportagem do JPF conversou com a família diante da Delegacia de Poço Fundo, na manhã do dia 2. Ainda revoltados e emocionados com o fato, todos afirmavam que apenas queriam justiça. “Meu pai veio a Poço Fundo pra cuidar melhor de minha mãe, que está com problemas de visão. Chegou para trabalhar e tentar ficar com a gente. Aí, de repente, vem uma pessoa e atira nele desta forma? Não podemos aceitar isso, e confiamos que a Polícia vai prender esse homem”, disse Osvaldo de Souza, o filho mais velho da vítima, que tem 32 anos e está no município há mais de 15.
A filha que socorreu o idoso, Silvânia (28), ainda se lembrava de como o encontrou após o disparo e se emocionou ao falar sobre aquele momento. “Cheguei lá porque a dona do sítio estava gritando. Então, ele me falou que tinha levado tiro, que sentia isso e comecei a procurar por sangue primeiro em sua cabeça, no rosto. Aí, vi a perfuração perto da barriga e entrei em desespero, gritando por ajuda. Foi muito difícil ver meu pai naquele estado”.
Já o filho caçula, Marivaldo Dias (23), preferia se manter em silêncio. Por outro lado, a esposa do idoso, ainda assustada e emocionada, repetia que ela e o marido tinham somente uma intenção: vender as terrinhas que no Tocantins para ficar perto dos filhos. “Era só o que a gente queria e, por isso, viemos pra cá. Agora aconteceu isso, e não sabemos o que fazer”.
Os familiares de Mário torcem para que Vilmar seja localizado e que cidadãos de bem ajudem com denúncias, caso o vejam pela região. “Se alguém o encontrar, por favor, ligue para a Polícia, para que ela o detenha, porque é um homem perigoso. Não pode ficar solto por aí”, apela Osvaldo.