POLÍCIA CIVIL ENCERRA CASO EM QUE LAVRADOR FOI PRESO INJUSTAMENTE

POLÍCIA

Verdadeiro autor de furto foi detido e agora está no Presídio de Machado, à disposição da Justiça

O delegado Éder Neves entrou de férias na última semana e pode-se dizer que terá um bom descanso de suas tarefas, pois não deixou o trabalho antes de cumprir uma promessa à população poço-fundense: ratificar a prisão de Josimar Tavares (27 anos), principal suspeito de um furto cometido em uma residência situada na “Estrada da Ponte Azul” e que acabou gerando a detenção de um inocente, num caso que mexeu com a opinião pública poço-fundense.
Com várias passagens pela Polícia, Josimar era procurado desde que o mandado de prisão preventiva solicitado pelo delegado havia sido concedido pela Juíza da Comarca, Fernanda Leite. Foi pelo menos uma semana de buscas e apurações. Porém, no último dia 25 (terça-feira), o marginal foi visto nas proximidades do trevo do Distrito do Paiolinho pelo investigador Nagib Mezavilla, que, até pouco tempo, atuava na cidade e agora está lotado em Machado. Ele acionou os colegas de Poço Fundo e então se deu a detenção.
Josimar ainda tentou ludibriar os policiais, usando um nome falso, mas, como se diz no jargão popular, “a casa caiu”. Depois de ser levado à Delegacia para prestar depoimento, o larápio acabou sendo encaminhado ao Presídio de Machado – caminho que deveria ter seguido dias antes, no lugar do lavrador acusado injustamente por um crime que não cometeu.
Como consequência da prisão, a Polícia recuperou o último produto furtado do imóvel em questão: um microcomputador, que havia sido subtraído pelo ladrão e levado a uma loja de informática para ser formatado.
O dono do estabelecimento, ao ver a notícia no site do JPF, reconheceu o rapaz como sendo o “cliente” que efetuou o pedido e correu à Delegacia para devolver o equipamento.

Entenda o caso

Segundo a Polícia Civil, Josimar é o responsável pela invasão de uma residência situada à margem da “Estrada da Ponte Azul”, próxima ao local onde o homem estava. Da casa, utilizada como depósito, foram roubados um colchão inflável, uma TV, uma máquina fotográfica, dois computadores e outros produtos.
Os proprietários dos materiais, procurando por pistas do autor, encontraram o lavrador L.R.G. (38 anos) num terreno próximo ao imóvel. Ele estava sentando junto a um monte de entulho, perto de sua bicicleta e da enxada que usa para limpar quintais e chácaras. No entanto, ali também se encontrava uma das CPU´s furtadas e um teclado.
Tímido e avesso a conversas, o homem, ao perceber a presença dos jovens, se levantou para ir embora. O ato foi encarado como uma tentativa de fuga e, por isso, os rapazes o abordaram e o mantiveram lá, enquanto chamavam a Polícia Militar, afirmando que o tinham achado no terreiro da residência com os objetos subtraídos.
Os militares que atenderam à ocorrência escutaram as vítimas e, nos questionamentos ao então “suspeito”, obtinham a resposta de que ele não sabia de nada e que não estava envolvido no crime. L. ouviu voz de prisão em flagrante e, após ser levado ao Quartel de Poço Fundo, foi encaminhado à Delegacia Regional de Alfenas.
Depois disso, uma foto do lavrador algemado foi divulgada em redes sociais. A reação de muitas pessoas que o conheciam foi imediata, defendendo-o e alegando que o mesmo jamais teria participação em qualquer tipo de delito.
No dia seguinte, o delegado Éder, mesmo de folga, reuniu a sua equipe e tratou de colocar esta história a limpo, descobrindo várias inconsistências nas razões alegadas para a detenção e já recebendo informações que poderiam levar ao verdadeiro autor do furto.
Com o endereço de Josimar, um jovem que tem diversas passagens pela Polícia, solicitou um mandado de busca e apreensão, concedido pelo Juizado da Comarca, e, na casa do rapaz, conseguiu recuperar muitos dos objetos subtraídos. O meliante só não foi preso em flagrante porque não se encontrava no local. Depois, um vizinho do ladrão foi à Delegacia e devolveu uma TV e uma caixa de som, comprados no mesmo dia do furto.
Enquanto estes procedimentos eram realizados, também já havia sido feito e liberado o pedido de soltura do lavrador detido injustamente. Uma certa burocracia quase fez com que ele ficasse mais um dia preso. Porém, o delegado e a Direção do Presídio de Machado conseguiram libertá-lo ainda naquela data.
Com as evidências levantadas, Éder pediu a prisão preventiva de Josimar, que foi cumprida no último dia 27 (quinta-feira).